terça-feira, 21 de abril de 2009

Forró Estilizado I

No início dos anos 90 o empresário Emanoel Gurgel foi um dos inventores do forró eletrônico. Ele, um ex-sulanqueiro, ex árbitro de futebol em fortaleza, pretendia criar um gênero de música mais acelerado e progressista que pudesse se enquadrar no estilo das massas jovens. Gurgel criou a banda Matruz com Leite, montou uma cadeia de rádio via satélite (Somzoom Sat), que também funcionava como gravadora, e daí iniciou um movimento que se espalhou pelo nordeste, encontrando muitos seguidores como as bandas e Cavalo de Pau, Limão com Mel, Calcinha Preta, Cavaleiros do Forró, Magníficos, Brucelose, Caviar Com Rapadura e muitas outras da mesma estirpe. Gurgel queria ganhar dinheiro e ganhou o mercado fonográfico com rapidez.
Sua estratégia era produzir entretenimento através da experiência musical ao vivo em Shouws dançantes com forte apelo erótico e sensual em festas, vaquejadas e eventos, mas sem prescindir dos CDs e DVDs. Gurgel estava sintonizado com a indústria cultural do entretenimento nacional a partir de programas como o Domingão do Faustão, Domingo Legal e outros. Percebendo a crise o mercado discográfico, ele e um monte de empresários descobriram um espaço de investimento. A identidade do público jovem para com esse estilo foi fortíssima, de vez que essas bandas enfatizam a festa, a energia do corpo e por fim os dilemas do amor e do sexo. Os fã-clubes são exemplos claros disso. Há uma delas que tem 180 mil membros no Orkut.
Gurgel se tornou dono de um império que abrange mais de 90 emissoras em cerca de 11 Estados, inclusive São Paulo e Rio de Janeiro. Tem ainda uma porção de bandas, estúdio de gravação, editora musical e produz cerca de 2,5 milhões de CDs por ano a um custo baixíssimo. A influência de seu império musical exerce um impacto significativo no gosto musical de milhões de pessoas. Quem encontrar Gurgel por aí certamente pode se espantar. Ele se parece com Antonio Conselheiro, mas vem rompendo fronteiras e quer fazer do forró eletrônico um ritmo nacional.
O novo estilo se apropriou de muitos elementos do antigo. A sanfona, o triângulo e a zabumba, mas adicionou o baixo, a guitarra e o teclado, a bateria e o saxofone que aparecem mais. Com isso constrói a idéia de um regionalismo moderno que penetrou nas classes médias e baixas da população. A sonoridade é marcada pela repetição e previsibilidade de um ritmo frenético e dançante. Muitos Chamam esse ritmo de oxente music fazendo um paralelo com o axé music baiano. Os cantores utilizam-se de uma linguagem coloquial e teatralizam junto com bailarinos insinuações que remetem ao sexo e ao prazer. Assim, esse produto cultural capitalista se tornou uma industria poderosa que encontrou milhões de consumidores por ai afora.

3 comentários:

  1. Gente!!!
    Este texto é do professor Veridiano.

    Um abraço

    Daniel

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  2. Veridiano como no jornal Vanguarda esse texto também me deixou convencida de que teu conhecimento sobre tudo é muito preciso!
    Hoje eu postei no meu blog um texto sobre a nova festa que Caruaru adotou, ou seja, a intenção de resgatar o verdadeiro forró autêntico e até aproveitei colocando o texto de Menelau do Jornal Vanguarda da semana passada.
    Foi ótima essa sua considerção, uma rápida história da origem do forró jovem!
    Mais uma vez Parabéns!

    Grande Beijo

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  3. Gente vocês poderiam colocar o nome de outras bandas de Forró Estilizado por favor ?

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